O sentimento de pertencimento e o cuidado com a pessoa idosa

René Kaës, psicanalista francês estudou a dinâmica das relações familiares e sociais, destacando em sua teoria o sentimento de pertencimento como uma experiência essencial para a saúde psicológica e emocional das pessoas.

De acordo com Kaës¹ , o sentimento de pertencimento é criado a partir das interações que temos com as outras pessoas, especialmente dentro da nossa família e comunidade. Essas interações estabelecem um senso de comunidade, conexão e identidade compartilhada, que são fundamentais para o desenvolvimento humano.

No entanto, quando esse sentimento é interrompido ou negado, por exemplo, através do abandono emocional ou físico, isso pode causar danos psicológicos significativos e afetar a capacidade da pessoa de se relacionar positivamente com os outros.

Considerando então ser o sentimento de pertencimento uma parte vital da experiência humana.

Nas famílias atuais a questão de pertencimento pode variar bastante, dependendo do contexto e das dinâmicas familiares específicas. No entanto, com as mudanças sociais e culturais ocorrendo rapidamente em todo o mundo, é possível que alguns aspectos do pertencimento familiar tenham mudado ao longo do tempo.

Por exemplo, com a crescente diversidade de configurações familiares, incluindo famílias monoparentais, famílias reconstituídas e famílias formadas por casais do mesmo sexo, pode haver uma maior flexibilidade sobre os formatos de “pertencer” à uma família. As relações de parentesco também podem ser vistas de maneira mais ampla do que as formas tradicionais, incluindo ser a formação de laços emocionais e de convivência por vezes mais fortes que os laços sanguíneos.

No entanto, vale lembrar que a questão do pertencimento também pode ser complexa e desafiadora em alguns casos, especialmente em famílias onde há conflitos, abusos ou situações de negligência.

O cuidado com a pessoa idosa está diretamente relacionado com o sentimento de pertencimento desenvolvido na relação com seus membros, de forma que a coesão e conexão emocional serão vetores deste cuidado. O bem-estar uns dos outros é o que geralmente motiva as pessoas a cuidarem umas das outras e a perceber e atender às necessidades da pessoa idosa. Quando as relações familiares são superficiais e não há um senso de coesão ou conexão emocional entre os membros, o lugar da pessoa idosa pode ser bastante desafiador.

No entanto, é importante destacar que existem alternativas para ajudar a pessoa idosa nessa situação. Os serviços comunitários desempenham um papel vital ao oferecer suporte e cuidados a pessoa idosa, mesmo quando as relações familiares não são próximas. Esses serviços podem incluir programas de assistência domiciliar, centros de convivência, grupos de apoio e programas de visitas regulares.

Além disso, os cuidados profissionais também podem ser uma opção para preencher essa lacuna. Cuidadores profissionais estão capacitados para atender as necessidades da pessoa idosa e fornecer o cuidado e suporte que eles precisam, mesmo quando a família não pode ou não consegue fazê-lo.

É importante que a sociedade como um todo reconheça a importância de cuidar dos idosos e que sejam disponibilizados recursos e apoio adequados para garantir que eles vivam com dignidade e tenham acesso aos cuidados necessários.

1.KAËS, R. O grupo e o sujeito do grupo. São Paulo. Casa do Psicólogo, 1997

 

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